segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

“Vai passar, tu sabes que vai passar...”


Se amanhã o que eu sonhei não for bem aquilo, eu tiro um arco-íris da cartola. E refaço. Colo. Pinto e bordo. Porque a força de dentro é maior. Maior que todo mal que existe no mundo. Maior que todos os ventos contrários. É maior porque é do bem. E nisso, sim, acredito até o fim.”

Caio Fernando Abreu

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

"Supere isso e, se não puder supe­rar, supere o vício de falar a respeito."Caio F


“Porque, pra viver de verdade, a gente tem que quebrar a cara. Tem que tentar e não conseguir. Achar que vai dar e ver que não deu. Querer muito e não alcançar. Ter e perder. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e dizer uma coisa terrível, mas que tem que ser dita. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e ouvir uma coisa terrível, que tem que ser ouvida. A vida é incontornável. A gente perde, leva porrada, é passado pra trás, cai. Dói, ai, dói demais. Mas passa. Está vendo essa dor que agora samba no seu peito de salto agulha? Você ainda vai olhá-la no fundo dos olhos e rir da cara dela. Juro que estou falando a verdade. Eu não minto. Vai passar.”

- Caio Fernando Abreu.

“Quero pés descalços na areia, a brisa do mar, fim de tarde tranquilo, música boa, sem relógio, despertador ou qualquer coisa que me mostre o tempo passando.Quero sair de noite olhar pro céu e ver estrelas, ter tempo pra ver como a lua é bela, observar pessoas, rir, chorar, pensar, viver, cantar, sentir. Preciso de um tempo, preciso me reencontrar em novos caminhos e preciso disso agora.”

- Caio Fernando Abreu.

"a sua falta vai me incomodar"

Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

MARTHA MEDEIROS

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011


"Coragem, ás vezes, é desapego.É parar de se esticar,em vão,para trazer a linha de volta.É permitir que voe sem que nos leve junto.É aceitar que a esperança há muito se desprendeu do sonho.É aceitar doer inteiro até florir de novo. É abençoar o amor, aquele lá, que agente não alcança mais"

Caio F.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Linha Reta - Poema de Cecília Meireles


Não tenteis interromper o pássaro que voa em linha reta
de leste a oeste. Alto e só.

Não lhe pergunteis se avista cidades, mares, pessoas

ou se tudo é um liso deserto. Vasto e só.

Ele não passa para contemplar essas coisas do mundo.

Ele vem de leste, ele vai para oeste. Alto e só.

Ele vai com sua música dentro dos olhos fechados.

Quando chegar ao fim, abrirá os olhos e cantará sua
[música.

Vasta e só.

sábado, 19 de fevereiro de 2011


"Abram todas as janelas

Abram mais janelas do que todas as janelas que há no mundo."


Álvaro de Campos

AGORA

Agora que agora é nunca
Agora posso recuar
Agora sinto minha tumba
Agora o peito a retumbar
Agora a última resposta
Agora quartos de hospitais
Agora abrem uma porta
Agora não se chora mais
Agora a chuva evapora
Agora ainda não choveu
Agora tenho mais memória
Agora tenho o que foi meu
Agora passa a paisagem
Agora não me despedi
Agora compro uma passagem
Agora ainda estou aqui
Agora sinto muita sede
Agora já é madrugada
Agora diante da parede
Agora falta uma palavra
Agora o vento no cabelo
Agora toda minha roupa
Agora volta pro novelo
Agora a língua em minha boca
Agora meu avô já vive
Agora meu filho nasceu
Agora o filho que não tive
Agora a criança sou eu
Agora sinto um gosto doce
Agora vejo a cor azul
Agora a mão de quem me trouxe
Agora é só meu corpo nu
Agora eu nasco lá de fora
Agora minha mãe é o ar
Agora eu vivo na barriga
Agora eu brigo pra voltar.

Arnaldo Antunes

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Soneto do amor total

"...Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante..."

Vinicíus de Moraes

Para isso fomos feitos ...


Para lembrar e ser lembrados,para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos — Por isso temos braços longos para os adeuses,mãos para colher o que foi dado,dedos para cavar a terra.

Assim será nossa vida:

Uma tarde sempre a esquecer,uma estrela a se apagar na treva,um caminho entre dois túmulos — por isso precisamos velar,falar baixo, pisar leve, ver a noite dormir em silêncio.

Não há muito o que dizer:

Uma canção sobre um berço,um verso, talvez de amor,uma prece por quem se vai — Mas que essa hora não esqueça e por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.

Pois para isso fomos feitos:

Para a esperança no milagre,para a participação da poesia,para ver a face da morte — De repente nunca mais esperaremos... Hoje a noite é jovem; da morte, apenas nascemos, imensamente.


Vinicius de Moraes____

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

"Vamos dar espaço para o dia positivo, porque é um novo dia, um novo tempo e um novo sentimento." Bob Marley





"Dai-me Senhor, a perseverança das ondas do mar, que fazem de cada recuo, um ponto de partida para um novo avançar."

Cecília Meireles

"Ah se pelo menos o pensamento não sangrasse! Ah se pelo menos o coração não tivesse memória! Como seria menos linda e mais suave minha história"




Então, de repente, sem pretender, respirou fundo e pensou que era bom viver. Mesmo que as partidas doessem, e que a cada dia fosse necessário adotar uma nova maneira de agir e de pensar, descobrindo-a inútil no dia seguinte - mesmo assim era bom viver. Não era fácil, nem agradável. Mas ainda assim era bom. Tinha quase certeza.
Caio F.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

as teias,nas brenhas,nas entranhas,o mistério,o destino,a sina...



"eu não mais te esperava, esculpiste sozinho a tua vida.
e cá estamos nós,olhos nos olhos bebendo do mesmo copo
na mesma esquina..."

(Líria Porto)

Os Insetos Interiores


Notas de um observador:

Existem milhões de insetos almáticos.
Alguns rastejam, outros poucos correm.
A maioria prefere não se mexer.
Grandes e pequenos.
Redondos e triangulares,
de qualquer forma são todos quadrados.
Ovários, oriundos de variadas raízes radicais.
Ramificações da célula rainha.
Desprovidos de asas,
não voam nem nadam.
Possuem vida, mas não sabem.
Duvidam do corpo,
queimam seus filmes e suas floras.
Para eles, tudo é capaz de ser impossível.
Alimentam-se de nós, nossa paz e ciência.
Regurgitam assuntos e sintomas.
Avoam e bebericam sobre as fezes.
Descansam sobre a carniça,
repousam-se no lodo,
lactobacilos vomitados sonhando espermatozóides que não são.
Assim são os insetos interiores.


A futilidade encarrega se de "mais tralos'.
São inóspitos, nocivos, poluentes.
Abusam da própria miséria intelectual,
das mazelas vizinhas, do câncer e da raiva alheia.
O veneno se refugia no espelho do armário.
Antes do sono, o beijo de boa noite.
Antes da insônia, a benção.

Arriscam a partilha do tecido que nunca se dissipa.
A família.
São soníferos, chagas sem curas.
Não reproduzem, são inférteis, infiéis, "infértebrados".
Arrancam as cabeças de suas fêmeas,
Cortam os troncos,
Urinam nos rios e nas somas dos desagravos, greves e desapegos.
Esquecem-se de si.
Pontuam-se


A cria que se crie, a dona que se dane.
Os insetos interiores proliferam-se assim:
Na morte e na merda.

Seus sintomas?
Um calor gélido e ansiado na boca do estômago.
Uma sensação de: o que é mesmo que se passa?
Um certo estado de humilhação conformada o que parece bem vindo e quisto.
É mais fácil aturar a tristeza generalizada
Que romper com as correntes de preguiça e mal dizer.
Silenciam-se no holocausto da subserviência
O organismo não se anima mais.
E assim, animais ou menos assim,
Descompromissados com o próprio rumo.
Desprovidos de caráter e coragem,
Desatentos ao próprio tesouro...caem.
Desacordam todos os dias,
não mensuram suas perdas e imposturas.
Não almejam, não alma, já não mais amor.
Assim são os insetos interiores.


O TEATRO MÁGICO




"este é o amor que combatemos para nós - duas solidões que se reconhecem, se completam e se inclinam uma para a outra"

(Rainer Maria Rilker)

domingo, 6 de fevereiro de 2011

"São tempos difíceis para o sonhadores"
(O Fabuloso Destino de Amélie Poulain)