segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Um salve para S.


Salve teus passos leves
Teu corpo livre, teu sorriso sincero...

Salve teus dias de paz
Teu sorriso luminoso,
Tua beleza de um mar calmo - e as vezes revolto.

Salve teu sentimento
Teus afetos e amigos,
Tuas rotas e melodias,

Salve esta sua vida
De beleza impar...e um olhar que convida!

. MAURICÉTICO

Mais uma vez Obrigada meu Bem!

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010


"perto do sentido
incompreendido
está toda a razão
e tudo está
perdido
menos o coração."

ANA CANÃS


Filme "Era um Vez "

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

"Uma grande alegria está próxima, Maria."

E onde já se viu ter medo da força da vida? O que vem não se adia e chegou: ri e celebra, porque o mundo pode se refazer em você.
O que há de ser tem muita força, Maria. Arreda a tristeza que seu dia há de chegar.




Amor de Personagem.


"- Por que esse tal amor que personagem finge que sente, amor dessa qualidade que tem paciência até pra esperar passar entre um anúncio e outro, para somente no “voltamos a apresentar” concluir o que tinha fingido que tinha começado, esse tal amor é somente de ficção, e é muito diferente desse negócio aqui que eu sinto, esse negócio de doido que eu não encontro nome nem em todas as palavras existentes e que não tem som e nem letra escrita que explique como ele é exagerado!

- Onde foi que tu leu isso?

- Eu nem li, nem decorei, e nem sei repetir de novo, porque sentimento sentido de verdade não carece de ser documentado em papel ou romance e nem filme de cinema, pois não é da conta de ninguém a não ser da pessoa que sente além da outra responsável pelo afeto causado. A conversa aqui é somente entre tu e eu, eu e tu, Karina. Finge somente uma vez que tu é tu que é pra ver se tu descobre o que tu sente, porque esse beijo que eu vou te dar agora, esse vai ser meu de verdade."



De Antônio, para Karina, em "A Máquina - O Amor é o Combustível (2006)"

Fragmentos do Mestre part.I

(...)Mas sabes principalmente, com uma certa misericórdia doce por ti, por todos, que tudo passará um dia, quem sabe tão de repente quanto veio, ou lentamente, não importa.Só não saberás nunca que neste exato momento tens a beleza insuportável da coisa inteiramente viva."

Caio F.

O sol.


E hoje ele me chegou mais disposto que nunca, me tocou as nove da manhã e como se já soubesse do prazer que estava por vir me disse:"Isso é só o começo,sorria e prepare-se pois será doce EXAGERADAMENTE DOCE"

Dedicado a Minha doença maldita à cura maravilhosa

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A Culpa


"(...)De longe no fundo da alma
Do gosto que muda de quando em vez.
Calma! espere por mim de novo e sempre um carinho se fez.
Não vale a pena sangrar por sangrar, crescer de véspera,
Fugir diante das palmas, lembrar de rolar um pranto, enfim...
Não durma antes de sonhar."

OS VARANDISTAS






  • "É só trazer a lembrança de tudo que não te magoar."

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Zero Grau de Libra


"Sobre todos aqueles que ainda
continuam tentando. Deus,
derrama teu Sol mais luminoso"
O Sol entrou ontem em Libra. E porque tudo é ritual, porque fé, quando não se tem, se inventa, porque Libra é a regência máxima de Vênus, o afeto, porque Libra é o outro (quando se olha e se vê o outro, e de alguma forma tenta-se entrar em alguma espécie de harmonia com ele), e principalmente porque Deus, se é que existe, ainda distraído demais, resolvi chamar a atenção dele para algumas coisas. Não que isso possa acordá-lo de seu imenso sono divino, enfastiado de humanos, mas para exercitar o ritual e a fé - e para pedir, mesmo em vão, porque pedir não só é bom, mas às vezes é o que se pode fazer quando tudo vai mal.
Neste zero grau de Libra, queria pedir a isso que chamamos Deus um olho bom sobre o planeta Terra, e especialmente sobre a cidade de São Paulo. Um olho quente sobre o mendigo gelado que acabei de ver sob a marquise do cine Majestic; um olho generoso para a noiva radiosa mais acima. Eu queria hoje o olho bom de Deus derramado sobre as loiras oxigenadas, falsíssimas, o olho cúmplice de Deus sobre as jóias douradas, as vozes vibrantes. O olho piedoso de Deus para esses casais que, aos fins de semana, comem pizza com fanta como "você acha que eu devia ter dado o telefone da Catarina à Eliete?" - e o outro grunhe em resposta.
Deus, põe teu olho amoroso sobre todos os que já tiveram um amor sem nojo nem medo, e de alguma forma insana esperam a volta dele: que os telefones toquem, que as cartas finalmente cheguem. Derrama teu olho amável sobre as criancinhas demônias criadas em edifícios, brincando aos berros em playgrounds de cimento. Ilumina o cotidiano dos funcionários públicos ou daqueles que, como funcionários públicos, cruzam-se em corredores sem ao menos se verem - nesses lugares onde um outro ser humano vai-se tornando aos poucos tão humano quanto uma mesa.
Passeia teu olhar fatigado pela cidade suja, Deus, e pousa devagar tua mão na cabeça daquele que, na noite, liga para o CVV. Olha bem pelo rapaz que, absolutamente só, dez vezes repete Moon Over Bourbon Street, na voz de Sting, e chora. Coloca um spot bem brilhante no caminho das garotas perfomáticas que para pagar o aluguel dão duro como garçonetes pelos bares. Olha também pela multidão sob a marquise do Mappin, enquanto cai a chuva de granizo, pelo motorista de táxi que confessa não ter mais esperança alguma. Cuida do pintor que queria pintar, não gasta seu talento pelas redações, pelas agências publicitárias, e joga tua luz no caminho dos escritores que precisam vender barato seu texto - olha por todos aqueles que queriam ser outra coisa qualquer que não a que são, e viver outra vida que não a vivem.
Não esquece do rapaz viajando de ônibus com seus teclados para fazer show na Capital, deita teu perdão sobre os grupos de terapia e suas elaborações da vida, sobre as moças desempregadas em seus pequenos apartamentos na Bela Vista, sobre os homossexuais tontos de amor não dado, sobre as prostitutas seminuas, sobre os travestis da República do Líbano, sobre os porteiros de prédios comendo sua comida fria nas ruas dos Jardins. Sobre o descaramento, a sede e a humildade, sobre todos os que de alguma forma não deram certo (porque, nesse esquema, é sujo dar-certo), sobre todos que continuam tentando por razão nenhuma - sobre esses que sobrevivem a cada dia ao naufrágio de uma por uma das ilusões.
Sobre as antas poderosas, ávidas de matar o sonho alheio - Não. Derrama sobre elas teu olhar mais impiedoso, Deus, e afia tua espada. Que no zero grau de Libra, a balança pese exata na medida do aço frio da espada da justiça. Mas para nós, que nos esforçamos tanto e sangramos todo o dia sem desistir, envia teu Sol mais luminoso, esse do zero grau de Libra. Sorri, abençoa nossa amorosa miséria atarantada.

Caio Fernando Abreu